Acaricio com os meus dedos trémulos
Os contornos aprazíveis do teu rosto
Beijo docemente um a um
Os teus olhos radiantes
Reflexo do teu pulcro ser
Olho-te apaixonadamente
Delicio-me com a tua volúpia
Sinto-te estremecer
Beijo os teus lábios
Pecados da minha insânia
Mendigo ao tempo que pare
Sussurro, palavras doces de carinho
Prolongando o teu ser
No desvario do meu desatino
Deliro, não perguntes porquê
Não tenho explicação
Deliro meramente…
Sem qualquer contestação
Entregando o meu coração
No concavo da tua mão
1 comentário:
pelo prazer do teu poema...uma flor para ti...
Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
á roda dos seus passos,
mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
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