quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ondas de ternura

A praça em ondas de ternura
resplendece

Cantares trémulos
de cânticos natalícios
retinem na noite amena
acariciando os corações
ávidos de paz

Por tempo fugaz esquece-se
o sofrimento de sermos gente
e os rostos afogueiam no calor
emanado da multidão enternecida

Lá fora, gotículas orvalhadas
brotam suavemente de um céu cinzento
iluminadas pelas luzes artificiais
da antiga tradição Madeirense

No meu olhar a sombra viva de ti
ilumina-me num sorriso foragido
chamejando o meu peito vibrante
de ondas prementes em mim

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Amalgama dolorosa

O azul do meu mar enegrece
A sombra do meu olhar acentua-se
De tristeza parida pelo tumulto do teu mar
Neste entardecer antecipado
A música da alma ecoa adocicando
O olhar marejado e carente de azul
Por lapsos de tempo intemporal
A alma navega sem quimeras
Ao sabor de rotinas pré existenciais

E o tempo não pára nem recua
Avança sempre implacável
Os sentires misturam-se
Numa amalgama dolorosa
De quereres impetuosos
Afagos, lágrimas, silêncios
Sussurros embargados
Pelo longínquo horizonte
Corpos cansados dispersos ameigados
Pela imensurabilidade universal
Persistente, sentida e presente … sempre

Época de reflexão

Da Janela olho
Luzes a brilhar
Em cada casa
Em cada lar
Em cada um
Uma história para contar
De amor, paixão
Desejo e emoção
Tudo começa e acaba
Tudo é ilusão
Mas algo permanece.
A morte, a alma
A perfeição
Nada fica imutável
Tudo nasce
Tudo morre
Tudo se aperfeiçoa
Que segredo é esse?
O que não sabemos?
O que se esconde
Em cada vida?
Em cada um de nós?
Mas isso que interessa?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O mar no meu olhar


Escuto o sussurrar do mar
Segredando segredos inaudíveis
Como uma carícia humedecida
Afagando o calhau vivo da praia
Num vaivém ternurento de prazer

E eu que faço?

Banho-me nessas ondas espumosas
Onde mergulho sem temor
Consciente da época invernal
Que importa

Em murmúrios flamejantes
Dispo-me das sombras enegrecidas
E visto-me do soalheiro do sol
Brilho ameigada pela quietude
Dessas águas cristalinas
Da ardência do meu sol
Cintilando em céus límpidos
Em melodias sensoriais
Em corpos vestidos de amor
Perco-me na imensidão de sentires
Feliz de ser o que sou
De usufruir das ondas e do sol
Desta minha ilha seduzida
Por ti….. praia idílica

Onde o horizonte longínquo
É a quimera do meu sonho de mulher

sábado, 6 de dezembro de 2008

Imensurabilidade universal


Partilhamos sentimentos, emoções
Amores renascestes e ancestrais
Rasgos de afagos ardentes
Assim … espontaneamente

Tocas-me em desvelos de ternura
Imensurabilidade universal

Buscas o cerne em ti, em mim
Engrandecida pela pulcritude
Intemporalidade efémera de nós
Juntam-se palavras carentes
Obramos a amizade transcendente

Aqueço-me no soalheiro do teu sol
Zarpo no azul desse teu mar
Unto-me de doce maresia
Libertando devaneios de mim, de nós

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Momento sublime na ausência de ti



A noite cobre-me com o seu manto negro
envolve-me nas luzes estrelares
na macieza do luar pardacento
anjos celestiais embalam-me
na ode orquestral da melodia da alma
a realidade transforma-se
nas asas da voz celestial
plano a poeira cósmica
eclodindo no passado longínquo
visualizando-me no futuro
desta vida efémera, sem tempo
só sentires na imensidão do corpo
castrado, dançarino sinuoso
aprisionado das notas orquestrais
liberto na infinitude das partícula ionizadas
sem dono, sem pejo, liberto…..
voando mais e mais
para além de mim, de ti, de nós
no nada e no tudo ancestral
onde as ondas da ternura
estremecem na imensidão de mim
em gotas orvalhadas e liquidificadas.
escorrendo na face expressiva de ti.
Voz angelical.

Corpo vestido de paixão

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Perguntas e mais perguntas
Enredos, sentires, vidas e vidas
Perco-me nesses labirintos longínquos
Dos estados de alma, meus e teus
Brotam em cascatas, versos agridoces
Mesclados de ternura, de doces sensações
Aglutinados em vocábulos sentidos
Em consoantes sofridas e vogais desejadas
Inseridas em poemas de ilusão
Arrefecidas pelo vento das planícies
Madrugais coloridos de nuvens outonais
Em rios turbulentos e límpidos
Que escorem na foz do coração
Exacerbando as batidas lentas da emoção
Neste corpo vestido de paixão.

Trajada de ti



Parto sem olhar para trás
Comigo levo a saudade
O sofrimento, a solidão…
Ausento-me para encontrar-te
Numa outra dimensão
Em novos paralelos de mim
Transvazando a dor
Na terra remexida e húmida
Em jardins esquecidos
De flores murchas e orvalhadas
Em labirintos desconhecidos
Onde habitam os fantasmas de mim
Na noite cerrada e enegrecida
Desta ilha longínqua
Desconhecida de si
Deambulo desnuda
De secretos tesouros
Mas trajada de ti

Aos confins do universo


Deslizo o olhar sequioso
Pelas águas salpicantes
Das vagas silenciosas e irrequietas
Desnudadas pela carícia do sol
Desta ilha enfeitiçada por ti
As escarpadas encostas brilham
Ante os meus olhos marejados
Pelo salgado cristalino do mar
E fustigados pela brisa arisca de mim

Meu corpo sulca as ondas
Guardiãs de vastos segredos
Imobiliza-se, insensível …estático
Abandonado por mim naquele barco
Perco-me em pensamentos delirantes
Translado-me para outra dimensão
De liberta comunhão existencial
Perco-me mais e mais, sem pudor
Nessa voluptuosa viagem
Aos confins do universo
Onde nada é proibido
Nada é recalcado
Tudo emerge na realidade
Da consciência consciente
Dos corpos e das almas.


Saciando a saudade



Quanto tempo tenho, afinal
Para saciar esta saudade
Um minuto, um dia,
A perpetuidade?

Flutuo no labirinto do tempo,
Não sinto a terra macia,
Mas sinto loucamente
O pulsar do coração
Incontrolado,… felino
Como se ansiasse voar
Planar a concavidade da terra
Penetrar na cratera incandescente
Do âmago magmático existencial
Em vivências temporais equidistantes
De existências predestinadas
Em junções consequenciais
De desnudos corpos ébrios

Bebendo a loucura do amor
Vivendo a liberdade do momento
Desfalecendo em pleno sacrilégio.

Sou uma ogiva nuclear


Sou uma ogiva nuclear
Plano os céus em ziguezague
Fogosidade humana
Irreflectida, selvagem
Em vagidos dissimulados
De um âmago pulsatil
No rasto da raiva incontida
No limiar da detonação
Em mil partículas veementes
Mescla de sentires em ebulição
Assombro o sol clandestino
Amedronto as nuvens pardacentas
Estremeço a lua feiticeira
Sem controlo de controlar
O que grita o coração.
Continuo altiva pelos céus
Vislumbro o impetuoso iceberg
Emergente da profundeza do ser
Fixo o alvo e mergulho
Expludo na vastidão universal
Em minúsculas partículas
Matizadas com a grandeza do amor
Envolvidas em sôfregos desejos
Enlaçadas com o perfume da liberdade

E do meu olhar marejado
As lágrimas fluirão


Nos meandros da saudade

O corpo ergue-se da penumbra de si
Imola-se nesse fogo que também é seu
Emerge nas profundezas do oceano
Por um vendaval que irrompeu
Do livro docemente oculto
Pelos meandros da saudade
Inquieta-se, silenciosamente
Por alguém que sobreviveu
Ao naufrágio constelar
De uma vida renascida
Que não sabe porque sofreu

Queda-se quieto na noite
Meigamente permanece
No reflexo do olhar
Um rosto resplandecendo
Na pulcritude do luar
Abrilhantando a noite
De um ser que chora
Em orvalhos cristalinos
Deslizando suavemente
Pelo corpo proscrito
Sequioso de carinho


Silêncio profano


Corpos que se esgueiram na noite
Na escuridão do silêncio profano
Dispersam-se na vastidão constelar
Na quentura sôfrega dos poros
Suados de desejos incontrolados
Brisas desfeitas pelo orvalho audaz
Sombras flamantes e sinuosas
Dos corpos desnudados dançantes
Docemente na frugalidade do tempo
Crentes na indulgência intemporal
Um minuto, um dia, uma eternidade
Saciando a saudade ancestral
De um ser insaciado
À deriva no tempo sem tempo
Diluídos na liberdade bidimensional
De serem tão-somente gente