segunda-feira, 31 de março de 2008

Na escuridão da noite



Invado a escuridão da noite
Sequiosa de sangue
Percorro becos e ruelas
Salto nos galhos sinuosos das árvores
Á espreita…
Olhos negros luzindo de volúpia
Corpo ávido e tenso
Desejo estampado
No rosto pálido e afunilado
Espero uma presa
O suor gotifica em meu corpo
Antevendo tamanho banquete
O coração negro de ferrugem
Acelera vorazmente
Aguardando o seu ressuscitar
Com sangue fresco e adrenalisado
Espero quieta, mas impaciente…
As horas passam silenciosas
A lua cheia ri-se de mim
As nuvens negras dançam
Ao sabor do meu desespero
Os raios solares vislumbram-se no horizonte
Meus olhos lacrimejam com a pálida luz
Recuo ao meu túmulo vazio
Sinto-me desfalecer
Ainda não é hoje
Que satisfaço o desejo do meu ser
Sedento de prazer

sexta-feira, 28 de março de 2008

Esquizofrenia

As vozes assolam a minha mente
Penetram mais e mais, murmurando ordens insanas
Já não distingo a realidade
Quero controla-las, mas não consigo
Ecoam no meu cérebro aterradoras
Em delírio erróneo, o meu corpo alucinado se retrai
Serão seres sobrenaturais, fantasmas, o demo…?
Em delírio constante sou Deus, Jesus, Virgem Maria…
Desarticulo-me no pensamento expressivo
Misturam-se as palavras, sem coerência
Transformando-se em pensamentos perturbadores
Perturbando meu funcionamento intelectual
Sinto na alma a deterioração prematura do meu cérebro
Sinto-me perdida, percepciono tudo e nada percepciono
Rio-me estupidamente, reagindo
À minha própria interpretação idiossincrásica da situação.
E tu choras, olhas para mim e não entendes
Eu continuo na minha insanidade mental
Amarrada ao delírio, às alucinações e à inanição cognitiva
Sofro, desesperadamente, perco o contacto com a realidade
O todo é irreal, ilusório e penetra no meu cérebro
Deixando-me louca, amarfanhada e perdida
Já nem sei quem sou, ajuda-me… compreende-me.

Dedico a todas as pessoas com esquizofrenia, que lutam tenazmente para se inserirem numa sociedade marginalista, atrofiada… e muitas já aprenderam a controlar os seus distúrbios, funcionando eficazmente

Não os marginalizem amigos

quinta-feira, 27 de março de 2008

Dança comigo este tango


Anda
Dança comigo este tango

Cola o teu corpo juntinho ao meu
Num contacto intenso de posse mutua
Faz-me rodopiar incessantemente
Ao som melódico do ritmo apaixonante
Dos instrumentos orquestrais
Coloca a tua mão trémula
No meu desnudo dorso, a compasso
Num bailado pleno de fascinação
Rodopiamos mais e mais
Numa embriaguez insana

Já não sentimos o chão
Deslizamos….
Suspensos dos acordes nostálgicos

Teu rosto aproxima-se do meu
Ensandeces-me com o olhar
Nossos corpos continuam
Rodopiando em rituais de sedução
Alienados do que os rodeia
Unidos na mais forte tentação…

Anda
Dança comigo este tango

Alma poética


Palavras esculpidas
Em papel inerte
Pedaços da alma poética
De quem padece no corpo
A dor transcendente dos mortais
Absurdos, bárbaros e insanos
Alguém em que
As palavras são
Desabafos impetuosos
Que brotam do inconsciente
Calcinado pelas emoções da vida
De um alma engrandecida
Dos sentires consciente do seu ser
Que não cala a revolta,
A injustiça, a displicência
Dos seres ditos racionais
Pedaços de alma
Prensados em palavras
Transmitindo
Gritos silenciosos
Da grandeza de uma alma poética
Penetrando na profundidade
Da imundice humana


http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com/

terça-feira, 25 de março de 2008

Que mudou em mim



Não consigo escrever
Sinto-me vazia
Serão saudades?
Dessas tuas lindas mãos
Desse teu rosto
Do teu sorriso
Que me enlouqueceu
E enlouquece-me
Como um vampiro quando vê sangue
Uma alma quando encontra um corpo
Vazia continuarei
À espera de te voltar a ver
E aí sim
Voltarei a escrever

Escrito pela minha filha Laura Maciel - 13 anos