segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Solto a alma
Solto a alma nas folhas tingidas
de aromas rubros do pretérito
e nas margens desmerecidas,
prensados fragmentos de mim
São colagens de ternuras
que me sussurram de ti,
são arremessos de palavras
que o silêncio caligrafou
e outros artefactos
que a aragem bravia
me trouxe e me doou
São imagens furtadas
ao livro que me escreveu,
rascunhos impúdicos, lapidados
pela tinta de Morfeu
são testemunhos docemente cativos
nas paginas que não se perdeu
Sou eu, és tu, é…
a vida que nunca se esqueceu
dos rascunhos que o tempo estagnou.
(Solto a alma nas folhas tingidas do pretérito)
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
A vida torna-se grito
Da roseira brava sem rosas
d`um jardim sepulcral
espreita os espinhos com dor
e nos caules amarelecidos
perde-se a clorofila sem cor
Cantam os pássaros sem asas
nas arvores desnudas de flor
uiva o vento em temporal
e as chuvas gotejam,
entristecidas
a fugidia luz color
No dia perfaz-se a noite
e a noite sepulcro d´ amor
na sombra escura do penhasco
o bramido mudo do Adamastor
E eis que….
Nas folhas desenha-se a gota
do espesso orvalho matinal
e na terra por arar, brota
a semente de todo esse areal
Das rosas vivas flúi o pólen
deste jardim intemporal
e na doce brisa outonal
sopra o aroma dourado
do vasto milheiral
E a vida torna-se grito
no silencio por falar
d`um jardim sepulcral
espreita os espinhos com dor
e nos caules amarelecidos
perde-se a clorofila sem cor
Cantam os pássaros sem asas
nas arvores desnudas de flor
uiva o vento em temporal
e as chuvas gotejam,
entristecidas
a fugidia luz color
No dia perfaz-se a noite
e a noite sepulcro d´ amor
na sombra escura do penhasco
o bramido mudo do Adamastor
E eis que….
Nas folhas desenha-se a gota
do espesso orvalho matinal
e na terra por arar, brota
a semente de todo esse areal
Das rosas vivas flúi o pólen
deste jardim intemporal
e na doce brisa outonal
sopra o aroma dourado
do vasto milheiral
E a vida torna-se grito
no silencio por falar
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Esboço
São as telas desmerecidas
que amparam o meu cansaço
é o prelúdio entardecido
de mais um…
pequeníssimo traço
São as glândulas degustadas
que saboreio
entre os dissabores dúbios
pincelados
nas cores com que te pinto
São as gotículas molhadas
de uns lábios feridos
numas mãos que esculpem
o invisível sentido
e os pés que deslizam
no soalho contorcido
È o olhar que cega
à luz do próprio dia
é o pincel repousando
nos braços das madrugadas
Sou eu... esborratada
pelo quadro que não pinto
e nos traços escuros da noite
traço-me de insana mudez
no algor do que sinto
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