segunda-feira, 14 de julho de 2008

Insanidade

Perco-me
nos caminhos impetuosos
do teu corpo febril

Analiso cada palpitar
desse teu louco coração
Elaboro tecnicamente
um diagnóstico concludente

Insanidade

que deprava deliberadamente
o meu corpo imprudente

(Tu doce veneno, chamado paixão)

Odores penetrantes flutuam no ar
Mãos vibrantes movem-se suavemente
Olhos ávidos penetram-se
Bocas sequiosas murmuram-se
Rostos inflamados incendeiam-se
A proximidade é embriagante
Trôpegos os corpos agregam-se

A noite delonga-se
adiando o amanhecer
Os cumes das árvores
embaladas pela brisa nocturna
Docemente entoam cânticos

E os corpos permanecem
alheados…. insanos

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sou peça de um jogo de xadrez
Jogada pela mão versada da vida
Movimenta-me nas quadrículas negras
Ao sabor do seu desvario
Coloca-me estrategicamente
Em consonância
Com a jogada astuciosa do destino
Posicionado do outro lado do tabuleiro

Destino e vida disputam-se
na ganância de vencer

as peças movem-se sem vontade própria
rei, dama, bispo, torre, cavalo
eu sou o peão, a alma deste jogo
que a vida e o destino se apressam em jogar

Infinitamente…

sábado, 5 de julho de 2008

Não consigo deixar de poetar

As nuvens deslizam suavemente
Pelas encostas escarpadas
Nebulizando o verdejante
Do arvoredo primaveril
O azul do céu espreita timidamente
A serenidade é exímia
A plenitude invade-me
Não consigo deixar de poetar
A paz fugaz é sedutora
Meus olhos secam do mareje ocular
A brisa fresca arrepia-me a pele
As árvores agitam-se
dançando ao sabor do vento
Como se me quisessem encantar

(murmurando docemente)

visualiza a nossa beleza
Sente dentro de ti a nossa força
Liberta-te e saboreia a vida
que ainda tens para viver
transmuta para o papel sequioso
o que a alma sente
e a razão já não quer rejeitar

Um poema infantil ou de amor?

A porta sombria, permanece fechada
Eu não consigo lá penetrar
Bato docemente na madeira
Mas tu não me consegues visualizar
Sei que ouves, sim
O arquejar do meu coração
Por isso mesmo não a abres
Com medo da aproximação
Mas tu sabes muito bem
Que eu entendo a tua posição
Só que é doloroso demais
Não conseguir uma migalha
Da tua atenção

Por isso um dia… cansada
Numa joaninha transformar-me-ei
E sofregamente penetrarei
Na frecha da porta sombria
Percorrerei ansiosamente
Esvoaçando
A distância que separa-me de ti
Poisarei no teu cabelo
Num afago sem fim
E as tuas mãos tremulas
Por momentos, em mim pegarão
Acarinhar-me-ás sem sufocação
E eu pobre joaninha, feliz voarei
Porque consegui por fim
Um pouco da tua atenção.

Sabe bem



Sabe bem
voltar a sentir-te
Com a mente liberta de cafeína e opiáceos

Sabe bem
relembrar o tango dançado
Sem preconceitos, tentadoramente
Um minuto, transformado
Em momentos de intensa paixão.
Vividos no plano dos sentidos.
Arreigados em seres vibrantes
em alerta sentimental.

Um tango dançado no bordo linear
Do desejo incontido
Em dois corpos desconhecidos
inventando-se nesse momento único
no universo da sedução

Sabe bem voltar a senti-te
sem drogas a atrofiar a mente
Hum… sabe tão bem