segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Adormeço nas folhas caidas


Adormeço nas folhas caídas
no embernar fluido dos dias
leve é o vento que geme
na alma de mim, esquecida

Teço asas coloridas
na cor cinzenta da noite
voo em arrojos perdidos
no dorso duro da vida

Flutuo nas encostas orvalhadas
dos vales cavados do fado
aspiro de uma só assentada
a história d`um amor roubado

Na tez navega o gozo
dum beijo dado pelo vento
molhados são os lábios que chama
o nome do seu doce lamento

e adormeço nas folhas caídas
arrancadas pelo próprio tempo


Escrito a 24/11/13

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

E as estampas gravitam numa tela a preto e branco


Encolho-me indiferente neste aplanar de dias
onde as horas são pontos movendo-se no tempo
dum pêndula envelhecido, guinando gemidos
de um designo qualquer, em busca de mim e de ti

Esgueiro-me por ai, num ponto escuro da noite
onde a lua não se despe, nem se ri...num silêncio insano
e a placidez da mente, adormece a luz estupidamente

Bordo sussurros nas pálpebras, num cintilar de espelhos
banidos de um qualquer momento vivido, algures de mim
tocam-se as constelações mortiças, na berma do cosmos
formam-se desejos e segredam-se caricias na ponta do olhar

[e as estampas gravitam num tela a preto e branco]


Escrito 23/08/13

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Adormeço lagrima esguia

   Adormeço lagrima esguia
gota ansiada na boca seca
blasfemos sentires desgarrados
devorando o sonho agonizante

no hiato do medo transforma-se
em marasmos incorporados
nas aselhas profundas da iris
em confluências
de desacatos neurais

quimeras oxigenadas de bolores
libertas na ferrugem das ondas
nuances de cores, rascunhando
o corpo albergue d`amor.


Escrito a 12/06/13