sábado, 20 de novembro de 2010

Geme a saudade

Geme a saudade
nas cordas de uma guitarra
Que dizer se a garganta sufoca?
que fazer se o corpo paralisa
na ternura de ser vida…
só fica o ouvido,
a repetição do gemido
que arranca o coração,
matéria incandescente
acariciando-o com sons
selvagens, pulsantes
delirantes, carentes

Que fazer, que dizer
quando a guitarra geme
no meu peito gaivota,
mar em evasão…
desenfreado, manso
inundando o olhar que te sente
num momento, numa vida
no tempo sem tempo de ser tempo

Toca guitarra toca,
inventa o meu fado
no crepúsculo do amanhecer,
na tarde que quer partir
sem mim

Toca guitarra não pares, fica..
desliza no meu peito… prenhe
deixa-me ficar aqui
no silêncio da tua voz
falando-me baixinho,
gemendo em mim
o meu próprio destino

Toca guitarra toca
a saudade de alguém

domingo, 7 de novembro de 2010

Perdido o meu corpo




















Perdido no perfume estonteante,
meu corpo flutua no lúbrico verbo,
do irracional desejo em fulgor
diluem-se os sentires extrínsecos
nos intrínsecos vertiginosos do amor

O gemido silencioso torna-se diamante
no prazer suspirante da doida luxúria
danças exóticas sucedem-se em vértice
no crepúsculo espasmódico da incúria

O olhar perde-se na brandura longínqua
goteja os meus olhos de prazer roubado
torna-se premente a sublime presença
do corpo distante num tempo parado

Meu corpo relaxa trajado de doce paz
no murmúrio sussurrante do ser amado
adormeço nos braços cálidos da quimera
tal pássaro deslizando num sonho alado