sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Acordo num sonho teu


Adormeço num sonho meu
Expando as minhas asas diáfanas
Aconchego-te num sonho teu
Injecto o doce licor do prazer em ti
Prova-me na existência do que sou

Não temas a sofreguidão da minha luz

Vem….encosta-te a mim
nesta amência que transcende o irreal
liberta-te desse torpor que te sufoca
desliza comigo no cosmos da vida
neste sonho de cascatas incandescentes
de nebulosas por ti renascentes
explodindo na imensidão do universo
do que somos, simples mortais

Não vês a efemeridade da vida?

Saboreia o prazer na amizade de mim
como um afago de gozo celestial
deste anjo que se transmuta por ti
consciente da perpetuidade do nós
no mais límpido querer transcendental

Vem…. Porquê hesitas?
não vês que sou o teu anjo
de que tens medo doce mortal?

Quero-te, veneno de mim


Quero-te sol, lua, terra
quero-te a ti
veneno de mim
lágrimas pérolas dosificadas
que resvalam suavemente
pela face outonal
renascido por ti primavera
só por ti flor do meu jardim
raiva existencial racional de ti
que suaviza em mim
nestes caminhos lamacentos
de uma alma camuflada
sem sul, leste ou oeste
só norte em ti
ternura de mim
incontrolável
de ser assim por ti
sem ouro, sem prata
como um tesouro lançado
ao vento num afago persistente
liberto de mim.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sou simplesmente vida


O mar magnetiza o meu olhar
agita as mais incontroláveis pulsões
provoca um furor impúdico de sulca-lo
sem corpo, sem barco, sem inibições
somente com a vontade do querer

Plano a plenitude desse mar dócil
vislumbro muito além,
para lá do horizonte anil
onde o tudo e o nada acontece
em paralelos existenciais

Perco-me em ti, em mim…

Já não sou quem sou
sou abelha, saboreando
o néctar desse pólen primaveril
sou águia rompendo o firmamento
mergulhando no vazio do nada
sou brisa que docemente em ti sopro
sou gente que vagueia junto a ti
na orla invisível de mim

Sou simplesmente vida
que ocorreu em ti
neste poema que permanece
somente em mim

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Na simplicidade das coisas




Assim sou eu, assim somos nós poetas….

Na simplicidade e na beleza das coisas,
devia estar a virtude….



Musica de Pedro Abrunhosa
Revisado por Pedro Ramoa

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Espero-te simplesmente


Espero–te simplesmente
No silencio da noite que me aconchega
Nas manhãs frias Outonais
que brotam do verão findo

O tempo passa sem me acolher
o nada acontece
numa monotonia gasta
num poema cinzelado
de palavras amargas de mim

Autonomamente vagueam
pelo papel indolente
sem pejo, sem inibições, atrevidas
conscientes do querer intimo
de gritar livremente
na quietude dos fonemas

Palavras e mais palavras
profetizam-se o destino
estigmatizado por temporais
destruidores de nós
por emoções castradas
por desejos acorrentados
nas profundezas do icebergue gelado
sufocando a sublimidade
do sentimento arquejado

Revolto-me, grito
libertando-me do destino
que não será meu

Elevo-me para lá de mim em ti
amaino os temporais vindouros
afago o tempo ancorado
deixo-me penetrar por ti
cegueira consciente, silenciosa
esquecida de mim

Espero-te simplesmente

domingo, 5 de outubro de 2008

Transcendência de querer


Rasgo os pedaços desse poema
Sorvo o conteúdo clandestino
Nas entrelinhas escritas
Desses versos fragmentados
Em representações doridas
Em pensamentos abstractos
De ideias pré concebidas
De um coração magoado

Voo na cegueira de mim
ao chamamento profano
do silencio da tua voz

Salto no imaginário….

Transmuto-me em partículas
de sentires devassos
em solfejos desenfreados
em melodias descompassadas
de um violino ébrio
do teu proscrito sorriso
arraigado em mim.

Perco-me nesse som que não é meu
nessa transcendência de querer
o que, no tempo se perdeu