domingo, 27 de abril de 2008

Sinto-te


Sinto-te num poema inacabado
Nas palavras que não escrevo
No bater do meu coração
No gemer das cordas de um violino

Sinto-te na imensidão do mar
Nas gaivotas planando
Nos pássaros entoando
Nas noites frias de luar
No sono não dormido
No amanhecer matizado
No salpicar das ondas

Sinto-te no olhar cansado de um doente
No riso de uma criança
Na carícia das minhas mãos
No meu olhar enaltecido

Sinto-te neste meu fado vivido.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Parar é morrer


Inalo profundamente
O ar doce da tua lembrança
Sinto-te vagar o meu corpo
De meiguice e sedução

Nesta noite infindável
Escuto o meu pensamento
Gritando silenciosamente
Bate coração
Cadencia a ternura
Transforma nos lábios
Em aprazível sorriso, a tua emoção
Não pares, bate
Galopa em direcção ao arco íris
Mesclado com as cores da vida
Galopa até ao infinito
Onde o sonho é eterno
Bate não desistas
Alimenta minha alma
De deleite e de encanto
Galopa, ultrapassa o físico
Entranha-te nesse corpo enfadado
Dá-lhe claridade e sapiência
Fá-lo enxergar a tua agonia
Galopa não pares
Porque parar é morrer

(Vive coração e ama sem sofrer)

Olhar marejado

Encaro-me, frente a frente
Vislumbro um olhar marejado
Que deixa deslizar suavemente
Um veio de águas límpidas e puras
Brotando impetuosamente
Do interior da natureza selvagem
Sulcando meu rosto perfumado
Pela fragrância de flores campestres
Ininterruptamente escorrem
Amansadas por força superior
De uma alma magoada
Pelas voluptuosidades da vida
Lágrimas que nunca chorei
Desabrocham docemente, silenciosas
Carregadas de saudade, ternura e destino
Meu rosto sereno deixa-se trespassar
Meus lábios sorvem o agridoce da ternura
Minha alma absorve o destino cinzelado
Meus olhos marejados reflectem
O sentir e o querer da alma
Engrandecida pelo fogo da chama
Que aquece meu corpo fatigado
Pelo Outono da vida…

segunda-feira, 14 de abril de 2008

És a minha brisa

És a minha brisa
Que sopra de mansinho
Doces palavras de carinho
Mitigando a minha vida
Este meu efémero destino

És a minha brisa,
Que na noite de Inverno
Aquece o frio da saudade
Que subsiste na minha alma.
Ávida de total liberdade

És a minha brisa
Que reacende a chama
E exalta a minha alma
Nutrindo o meu ser sonhador

És a minha brisa que refresca
O calor ardente do meu sentir
Mas também o meu próprio querer
E nesta ambivalência de sensações
Vive em desassossego o meu ser

Eu sinto-te de mansinho
Eu anseio-te incessantemente
Neste meu corpo falto de carinho

sábado, 12 de abril de 2008

A vida sem amor...


Fica, alegra este corpo afadigado
Invadiste-o sofregamente
Então…não desistas
Pinta-o da cor da esperança
Orquestra-o nos prazeres da vida
Esquece a dor, a mágoa…
Não fiques ferido nem abandonado
Ergue-te e procura
A tímida chama que arde
Não abandones este corpo cansado de lutar
Fica doce amor
Fortalece-te e voa
Sente a torrente do mar
O brilho do sol nos dias de verão
O semblante protector da lua, nas noites escuras
O perfume das flores orvalhadas
Sente o pulsar do coração
Transforma-te em puro barro
Moldado por estas mãos ávidas de esculpir
Liberta-te e transmuda-te
Na mais pura energia emocional
Sobrevive, aconchega meu coração.
Porque a vida sem amor
É como fogo sem paixão

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O amor não tem limites



Por favor, vejam até ao fim
A dádiva do amor não tem limites...

Assim é a poesia

Soltam-se as palavras
Enjauladas
Num circo qualquer da vida
Soltem-nas
Deixem-nas falar
Cavalgar no papel
Pincelado com a tinta
Que a alma escreve
Deixem-nas juntarem-se
E livremente transmitirem
Sensações de liberdade

Não mais sufocadas
Não mais aprisionadas

Deixem-nas penetrar
Na descoberta da poesia
Saborear o mundo
Ensandecer-se com as cores
Vivas da fantasia
E pardacentas da saudade

Deixem-nas escolher
Vogais, consoantes, pontuações…
Formando sons dissilábicos
Ao sabor da melodia
Dos seus libertadores

Libertem-nas, cinzelando-as
Nas mais puras emoções do sentir
Deixem as palavras falar
O que os lábios calam
Mas a alma sente

domingo, 6 de abril de 2008

Avidez


Pouso em ti, docemente
Delicadamente, linda flor
Bebo sofregamente o teu néctar
Mesclado de mel
Sacio-me no teu suculento pólen

Febril, danço nas tuas folhas
Nesse etéreo jardim proibido
Livremente esvoaço
Brilhando ao sol
Intenso de ti
Meu corpo vibra ao roçar
Na macieza das tuas pétalas

Sedutoramente percorro
O teu gracioso corpo
Uma e outra vez
Ao compasso da suave brisa
Que te estremece de avidez

Fica, olha-me…queima-me…


Brilha nos olhos o código do silêncio
Calam-se as palavras que a alma sente
O coração aperta, pulsátil, louco
Impele nas artérias o sangue impetuoso
Nutrindo as entranhas viscerais do querer
Docemente a ternura penetra fundo
Na carne ressequida da saudade
A nudez do corpo, veste as roupas da nostalgia.
O pensamento grita na noite escura e fria.
Silencio, ninguém ouve
Só o vento geme baixinho, solidário.
O coração continua a compasso
Da lembrança possante do sentir.
Do desejo ardente do teu ser
E tu, presente mas…. distante.
Ignoras a força do meu querer.

Fica, olha-me mesmo que não me toques
Sente, inflama, não tenhas medo de te calcinar
Transforma-te em fogo ardente
Aquece meu coração
Queima o meu corpo sedento do teu
Fica, olha-me…queima-me….

O toque


Tu que me sorris, que me falas
Porque não me tocas?
Com o calor da tua mão. Com o aperto do teu abraço
Porquê? O que te impede?
A sociedade cheia de tabus, a vergonha ….
Não sabes que o toque é vital para nós pobres mortais
Desde que nascemos que necessitamos das carícias de umas mãos, do aconchego de um abraço
O que te impede? Será porque também não te tocam, nem te abraçam o suficiente?

Sabias que:
O tocar e ser tocado é uma necessidade atávica,
A sua carência lava-nos ao stress e à depressão crónica.
Porque confundimos necessidade de contacto físico,
Com necessidade de sexo?
Fomos educados e crescemos a julgar
Que o toque é privilégio dos apaixonados

Deixa-te de preconceitos e contribui para a evolução sadia da sociedade, retirando-lhe os tabus, as ideias pré concebidas. E lembra-te; o contacto físico com ternura e carinho não é necessariamente um sinal de atracção física, é muito mais do que isso, é um sinal de amor nem hetero, nem homossexual, mas de um ser humano para outro.

Queres melhorar o universo?
Então toca, acaricia, abraça, sorri para alguém e iniciarás a força necessária para modificar este nosso mundo

terça-feira, 1 de abril de 2008

Teces a teia que me envolve


A maresia traz-me o teu perfume
Molha meu corpo de alvoroço
Odorizando-o de incontrolável ardor
--Sinto-te
Teces a teia que me envolve
Encantas -me de doce sedução

Amansas a minha loucura
Meigamente enfeitiças meu olhar
Orvalho molhado do meu querer
Roubas sofregamente o meu alento

Mesclas minha pele de aromas
Infindos…de desmedido prazer
O tempo perpetua no meu querer

Sabe bem ter -te tão perto
Envenenar -me de mortífero veneno
Na mais melíflua sublimação
Ter-te nos meus trémulos braços
Em completa liberdade e alienação
_
Miscelâneas de voluptuosas sensações
Eternizadas no tempo da minha imaginação