sábado, 14 de novembro de 2009

Beijo-te, quero-te, amo-te

Beijo-te
na fragrância de todas as flores
das pétalas que desabrocham
nas minhas mãos sedentas

Quero-te
na macieza do entardecer
no sabor orvalhado das estrelas
lapidadas no meu céu
fecundo de prazer

Amo-te muito além do corpo
imolado de doida paixão,
acima de todas as coisas
do meu universo em
desejada transformação

Amo-te
nesta minha ânsia de querer
a fusão de todas as forças
acariciar a terra fertilizada
e simplesmente ser

Quero hibernar

Quero partir em viagem, perder-me na noite
deixar-me engolir pelas entranhas da terra,
descansar sobre o frio mármore do tempo
e hibernar nas cavernas soalheiras da vida
onde, a claridade das paredes reflecte
a chama bravia do meu desnudo olhar

Quero cobrir-me de flores selvagens
entrelaçadas no selvático buraco do tempo
e permitir que o frio gélido do ar
coagule o meu peito sangrante
neste berço agitado de perene (a)mar

Quero partir...ficar...hibernar
nos braços suculentos do efemero sonhar

Falta-me algo eu sei

Falta-me algo eu sei
nesta minha vida vivida
este algo que me inquieta
impede de me sentir preenchida

Falta-me algo eu sei
que dê gosto ao paladar
da minha boca perdida
do sabor doce e húmido
do gosto da loucura proibida

Tenho o mar, o céu, o sonho
neste lugar no horizonte perdido
mas falta-me algo… eu sei
que continua a ser preferido.

A minha reencarnação

Nas insónias frementes da alma
nas noites sombrias de luar
elevo-me das vagas mansas do mar
sento-me exausta nas estrelas,
estendo as minhas mãos trémulas
ás apalpadelas na escuridão
não consigo acariciar-te,
estremeço de frio no vazio de ti
e na mais completa solidão
choro-te…

Nas nebulosas incandescentes
abrem-se suavemente botões de rosas
que ancoram na palma da minha mão
no silêncio reinante do cosmos,
sorvem as lágrimas caídas
perfumando a minha paixão

E lá sentada nas estrelas
aguardo a minha reencarnação

Afago demoníaco






















Tento libertar-me, mas não consigo
Dessa teia que em mim teçe
Sinto a seda escorrer no meu corpo
Envenenando a minha alma
Desse amargo-doce proscrito
Tento me libertar.
Mas…..não, não quero
Quero sentir
O afago demoníaco desses fios
Enrodilhados em labirínticos
Fios de prazer,
Porque assim te sinto
Na macieza desnuda
De te querer sentir

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Visto-me de poesia


















Visto-me de poesia
Do mais belo traje que há
Caminho no jardim perfumado
Onde a vida acontece
Mesmo ali, ao meu lado

Cubro-me de lirismo
Do vermelho das rosas renascidas
Mergulho no pólen da vida
Onde brotam as palavras sentidas

Das palavras adubo a alma
No semear de versos enaltecidos
Na certeza certa de desbravar
Recantos ingloriamente escondidos

Vagueio ávida pelas palavras
Como um estranho vagabundo perdido
Bebendo em cada sílaba lavrada
O doce veneno proibido

O eterno de nós













Neste tempo, neste mundo
somos o que somos,
um pouco de nós

Na pertença do cosmos
somos o verdadeiro nós
esse que perseguimos
no eterno de nós

Neste instante, aqui…
existe um pouco de nós
na ambivalência das coisas
onde o equilíbrio
desequilibrado
equilibrante
reina, no reino da vida

Aqui…
neste preciso momento
tu és o que és
eu sou o que sou
e o nós… quase não existe

Mas lá….
o tu não existe
o eu não existe
e o nós prevalece
na união de todas as vidas

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ouves-me?
















Sinto-te
nesse desespero que te consome
nos trilhos das noites ensombradas
pelas memórias resguardadas
no mísero grito do tempo

Queima no meu peito
a tua impotente ânsia
de renascer nas asas do infinito
onde o horizonte acalma
o olhar que fenece
no orvalho das fontes

Rompe as algemas
que te acorrentam
aos fantasmas do passado
perdido na porta entreaberta do tempo

Solta-te dos escombros arcaicos
que asfixia a plenitude de seres
como te quero contemplar
â luz das gastas velas,
que perpetuam
nas janelas da minga alma

Penetra no íntimo inexplorado,
sente os pulsares virgens
do renascer da dor que te pariu
e que te fez ser

Agarra o tempo, que o tempo te dá
e respira a paz do meu anjo
que permanece em mim,
no etéreo de ti
num tempo sem fim

Ouves-me?…

Sou ser

















Quem sou eu?
Perguntam-me os olhares
que se fixam nos meus.

Sou aquele que permanece
impávido e perdido
na falésia dos sentires,
acreditando no voo enigmático
do sonho falecido.

Sou também, aquele
que um dia foi anjo e estrela ancorada
no porto inseguro de alguém.

Sou palavras esvoaçantes no vento,
da incoerência abstracta de ser
o esquecimento
nos tímpanos surdos de alguém

Sou perdição, pedra no sapato,
produto inacabado
das relações turbulentas
no oceano íntimo do permanecer.

Sou vida que permanece
alem de ti, de mim de nós,
transportando o teu fado
em cada amanhecer

Sou um insignificante aprendizado,
na imensidão dos ensinamentos
que os caminhos ofuscados
nos fornecem
na berma do real.

Sou vida, fado, saudade, paixão,
ave, fera, foca, sonho e coração

E tu? quem és tu? És um ser como eu….
produto inacabado….
constantemente a renascer
na ânsia de viver.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sopro suave
























Escorrem pétalas orvalhadas
no roseiral da esperança ressequida
adubam os canteiros carentes,
de raízes puras rejuvenescidas.

Entrelaçam o túmulo da dor,
decompondo-se em aromas
exaladas no peito em furor

No horizonte amanhecido,
em amalgama de tons coloridos
emergem sombras obstinadas
relampejando nos olhares fugidios

O tempo envelhecido perde-se
nas memorias empoeiradas de dor
anseia-se o sopro suave
pincelado na tela vazia de cor.

sábado, 25 de julho de 2009

Ah! vontade…vontade,

Ah! vontade…vontade,
apertas sofregamente as mãos,
nesta insana ternura,
percorres o labirinto do tempo,
entre os poros humedecidos
e lá onde as palavras brotam,
sorves a doçura proibida
do mel purificado do prazer

Ah! vontade…vontade,
pára …petrifica
nas entranhas inflamadas
do querer,
repousa
na obscuridade da noite
onde, nem a sombra do tempo
se atreva a te ter

Ah! vontade…vontade,
falece e jaz
no sepulcro do teu ser.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A noite cavalga no meu peito

A noite cavalga no meu peito
Neste peito prensado de luar
Galopando o meu corpo vagueia
Na arrojada essência de ficar

Percorro as areias movediças
Em equilibrados saltos mortais
Sinto-me um mero saltimbanco
Em plenas acrobacias sequenciais

Voo no prolongamento do tempo
Nos braços da divina loucura
Estonteando o meu corpo sedento
Orvalhado-o de suave ternura

A noite morre à beira do sol
Nas madrugadas sequiosas de cor
E nos meus olhos impregnados
O gosto salgado do teu sabor

quarta-feira, 4 de março de 2009

Volúpia


O clarão ilumina-se na calada da noite
num retumbar de explosivas sensações
rasgando as vestes que cobrem
o meu corpo flamejante de ti

A chuva docemente inunde-me
em carícias perfumadas de timidez
numa volúpia incontida de querer

A chama intensa extravasa
o meu olhar lânguido de desejo
O vento irrompe no pensamento
em temporais de idealização
A neblina afaga-me vagarosamente
em danças de desnudo prazer
A terra humedecida estremece
num prolongamento sísmico de mim

E o sol, ah o sol
aquece-se sofregamente
da ternura e êxtase exaladas
embebendo a terra de imenso prazer
numa exultação incontida de ser…..

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ofereceu-me o mar


Contemplo fascinada a pérola
que um dia, ofereceu-me o mar
misticismo de um amor intemporal
lapidada em reflexos de luar
em amálgamas de límpidos sentires
num prolongamento deste (a)mar

Na pulcritude candente de ser
o meu olhar sublima-se ofuscado
com a beleza vinda do mar
atordoando a minha mente ébria
do sufocante fulgor desse brilhar

Segreda-se silêncios imperceptíveis
inaudíveis ao desassossego de querer
difundir-me nesse cintilar lapidado
e naufragar em doces corais

(na profundeza do devaneio)

Permanece na minha mão vazia
A pérola que um dia roubei ao mar

Escrito a 8/02/09

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Um sonho sonhado por ti


Espero-te nas asas de um condor
Ansiosamente anseio o teu abraço
Á distancia de um olhar
Encurta-se o tempo dimensional
Sinto a primavera que desflora
Pedes-me o meu refúgio, por fim
O leito do meu sonho inatingível

Dou-to envolvido em suave maresia
Em cânticos esvoaçantes de gaivotas

Os olhares cruzam-se numa dança
Flamejante de castrados quereres
O tempo morre no tempo sem tempo
Sorrisos trémulos em esgares ternos
Testemunham o pedido em mim

Encerro as pálpebras trémulas
O beijo torna-se sôfrego
Saciando o ser pulsátil
Salpicos de doces maresias
Brotam nos lábios ardentes
Sensações descontroladas
Abrasam a suave brisa primaveril
Os corpos provam-se sedentos
De sentirem-se simplesmente gente
Numa existencial carnal
Por um efémero momento.

E tu afastas-te tristemente
Dos corpos unidos na paixão
Num sonho sonhado por ti

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Prémio Nova Brisa


Nova Brisa... Miminho especial concebido, com o intuito de premiar a originalidade, ousadia e diferença...
Foi-me oferecido pelas amigas:
Dolores --http://rituaisdomomento.blogspot.com/

Entreguem esta brisa com este doce veneno a todos os que no vosso entender fazem a diferença...
Eu passei a:

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Prémio sobrivivente ao romantismo


Aqui apresento o primeiro selo criado pelo blog Sentimento Calmo intitulado de "Sobrevivente Ao Romantismo".Com este pequeno prémio, pretendemos honrar as pessoas que ainda se regem pelo coração. Que percebem o que é o verdadeiro amor, que lutam por ele, e o conseguem transmitir na sua escrita. Pretende-mos ainda vir a conhecer com isto mais sobreviventes ao romantismo.
Este prémio foi-me entregue pelas minhaa amigas Conceição Bernardino http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com/ e Fátima Santos http://beijo-azul.blogspot.com/ e por http://amusicadoteutoque.blogspot.com/
Este prémio obedece ás seguintes regras:
1) Exibir a imagem do selo;
2) Linkar o blog pelo qual se recebeu a indicação;
3) Escolher outros blogs a quem entregar o Prémio Sobrevivente Ao Romantismo.
Aqui estão os premiados:

Prémio Beautiful Blogger


Recebi este prémio que muito me honra das minhas amigas Fatima Santos http://beijo-azul.blogspot.com/, Conceição Bernardino http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com , da poetisa Mianna http://as-surpresas-da-mianna.blogspot.com/, e da poetisa Magui Ray http://chronopoetry.blogspot.com/, que guardo com muito carinho, obrigada

De seguida passo o prémio aos seguintes blogues

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Intempéries ciclónicas


As lágrimas secam-se no lago do olhar
Vidas, enredos, sentires, reflexões
Perdidos na brevidade do tempo sem fim
Esgares pulsáteis de vivências
Presentes no presente adivinhado
Lógico nos meandros desenrolados
Nas relações edificadas
Da culpa dual de seres carentes
Divergentes na união intemporal
Vidas angustiadas, desprotegidas
Vulneráveis ás intempéries ciclónicas
Dos eus reflexivos e fatigados de lutar

Sem armas, sem vontade de vencer
Abandonam-se à falta de ambição
Em reconstruir o tempo
No tempo que corre sem tempo
Olvidam-se passados vividos
Num futuro desconhecido
Somente a sobrevivência persiste
Nas almas amarguradas de sentir.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Prémio Dardos


Tive a honra de receber o Prémio Dardos da minha amiga Haere Mai http://beijo-azul.blogspot.com/ , de poetisa Magui Ray http://amusicadoteutoque.blogspot.com/ e de http://escrevuniverso.blogspot.com/, vou com todo o carinho tentar por mereçe-lo. Obrigado de coração pelo apoio que têm dado aos meus escritos, bem hajam.

"Com o Prêmio Dardos reconhecem-se os valores que cada blogger, emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc., que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web”.Este Prêmio obedece a algumas regras:

1) Exibir a imagem do selo;
2) Linkar o blog pelo qual se recebeu a indicação;
3) Escolher outros blogs a quem entregar o Prêmio Dardos.

Sendo assim, atribuio o Prêmio Dardos aos blogs abaixo mencionados pelo valor que reconheço dos seus textos;

Gritos mudos - http://gritosmudos-romance.blogspot.com/
Blue Violin- http://mysterius-soul.blogspot.com/
Rituais sem nome - http://rituaisdomomento.blogspot.com/
Universo das letras - http://escrevuniverso.blogspot.com/
O canto da Rosa - http://ocantodarosa.blogspot.com/
Noitedemel - http://noitedemel.blogs.sapo.pt/
Amanhecer palavras ousadas - http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com/
A Música do Teu Toque - http://amusicadoteutoque.blogspot.com/

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Passos sem norte

Sinto o silêncio dos meus passos
vagueando sem norte
num vaivém vertiginoso
enjaulando-se impiedosamente
no empedrado do chão
ao sabor das correntezas
que navegam para lá do mar
em encostas escarpadas
em planícies infecundas
em desertos áridos
despidos de vegetação

Acelero a cadência dos meus passos
ambicionando galgar o tempo
do tempo que corre sem tempo
nas noites submersas em fluidos salgados
que sulcam o rosto tenso e sombrio
apossando-se das glândulas gustativas
adocicando o ar sufocante
libertado do coração prensado
pela robustez dos devaneios ansiados

Mas a razão comedida,
silenciosamente silencia
o vulcão existencial
entorpecendo o corpo
na frieza agreste da noite
onde os lençóis buliçosos atestam
o tumulto relampejado
da revolta irreflectida do ser
que só, tão somente quer ser…

Escrito a 07/01/09

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Analfabetos do saber

A Madrugada aproxima-se
Lentamente despede-se a noite
Desbotam-se as luzes artificiais
O silêncio segreda-me de ti
Recordação idílica em mim

Na quietude da noite fria
Corações doloridos dormitam
A noite alonga-se aqui…
Onde meu corpo cansado permanece
Alerta, vigilante, velando por ti
Gente … simplesmente gente
Corpos imperfeitos, falências vitais
Em urgências primordiais
Protegendo a vida da vida efémera de nós

Sonhos desfeitos, reflexões necessárias
Desejos castrados no tempo que se perdeu
Esperanças renascida, olhares agradecidos
Vozes tremulas, carências ausentes
Peito doloroso, ardente por ti

O sol nasce soalheiro do universo
O dia amanhece e com ele o futuro presente
Joguetes em um puzzle inventado pela vida
Pré destinado em ti, em mim, em nós
Visíveis nas forças cósmicas
Esboçados no livro grosso da vida
Com tinta imperceptível
E reescrito por nós
Analfabetos do saber

Escrito a 3/01/09