terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ouves-me?
















Sinto-te
nesse desespero que te consome
nos trilhos das noites ensombradas
pelas memórias resguardadas
no mísero grito do tempo

Queima no meu peito
a tua impotente ânsia
de renascer nas asas do infinito
onde o horizonte acalma
o olhar que fenece
no orvalho das fontes

Rompe as algemas
que te acorrentam
aos fantasmas do passado
perdido na porta entreaberta do tempo

Solta-te dos escombros arcaicos
que asfixia a plenitude de seres
como te quero contemplar
â luz das gastas velas,
que perpetuam
nas janelas da minga alma

Penetra no íntimo inexplorado,
sente os pulsares virgens
do renascer da dor que te pariu
e que te fez ser

Agarra o tempo, que o tempo te dá
e respira a paz do meu anjo
que permanece em mim,
no etéreo de ti
num tempo sem fim

Ouves-me?…

Sou ser

















Quem sou eu?
Perguntam-me os olhares
que se fixam nos meus.

Sou aquele que permanece
impávido e perdido
na falésia dos sentires,
acreditando no voo enigmático
do sonho falecido.

Sou também, aquele
que um dia foi anjo e estrela ancorada
no porto inseguro de alguém.

Sou palavras esvoaçantes no vento,
da incoerência abstracta de ser
o esquecimento
nos tímpanos surdos de alguém

Sou perdição, pedra no sapato,
produto inacabado
das relações turbulentas
no oceano íntimo do permanecer.

Sou vida que permanece
alem de ti, de mim de nós,
transportando o teu fado
em cada amanhecer

Sou um insignificante aprendizado,
na imensidão dos ensinamentos
que os caminhos ofuscados
nos fornecem
na berma do real.

Sou vida, fado, saudade, paixão,
ave, fera, foca, sonho e coração

E tu? quem és tu? És um ser como eu….
produto inacabado….
constantemente a renascer
na ânsia de viver.