terça-feira, 28 de junho de 2011

Para além do limbo


Seca-se o pranto no mar
das ribeiras translúcidas
de margens enlameadas
murmurando gotículas

Secam-se as estrelas
nas noites sem cor
das planícies lunares
raiadas de dor

Secam-se os cometas
trajados de sol dispersos
na poeira cósmica da morte

Declina-se o corpo
no entardecer da vida
fausto de partir
na transparência da luz
no ensejo final de renascer
na alvorada de todas as coisas
feito vida encadeada
na orla de si

E para além do limbo existe o limite
a essência de se querer ser vida
num parto parido algures…
dentro de si


domingo, 19 de junho de 2011

Lembras-te amor?

Lembras-te amor
quando dançaram borboletas
nos nossos peitos nús
carícias esvoaçantes
em mãos sedentas de ter

Lembras-te
quando a nossa voz
aprisionou-se na boca agitada
e o corpo estremecia
em gemidos descontínuos
libertos no leito feito de querer

Lembras-te
quando o tempo
deslizava rapidamente
ao encontro da tarde
enlouquecendo nos nossos braços
ávido de ficar em nós parado
esquecido do entardecer

Lembras-te
quando os nossos corpos
segredavam-se numa redoma invisível
bafejando o ardor frenético da paixão
no desassossego louco de ser doação

Lembras-te? foi ontem amor

sábado, 4 de junho de 2011

….desculpa amor

Hoje quis amar-te na partitura do vento
em melodias gementes de solfejos pungentes
hoje quis beijar-te, em desatino acariciar-te
esvoaçar… na tua boca felina, lentamente
hoje quis falar-te, do sopro da paixão
corpo lágrima, em constante agitação
hoje quis dizer-te…desculpa amor, mas…

Mas hoje só soube chorar no silêncio
do tempo que me arranca de ti

Escrito a 2/06/11

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Paisagem na noite
















No quarto enfarpelado de luta
desliza-me o olhar na paisagem abandonada
e na areia das gaivotas esvoaçantes
imagino na noite… errante
a silhueta do teu corpo andante
em passos deslumbrantes vestidos de cor

derramo pingos de sonho e ilusão
resvalando ao timbre do próprio coração

são momentos num momento de tempo
sonho liberto no casulo da alvorada
na noite que termino cansada
sonolento olhar na madrugada

Escrito a 31/6/11