
Sinto-te
nesse desespero que te consome
nos trilhos das noites ensombradas
pelas memórias resguardadas
no mísero grito do tempo
Queima no meu peito
a tua impotente ânsia
de renascer nas asas do infinito
onde o horizonte acalma
o olhar que fenece
no orvalho das fontes
Rompe as algemas
que te acorrentam
aos fantasmas do passado
perdido na porta entreaberta do tempo
Solta-te dos escombros arcaicos
que asfixia a plenitude de seres
como te quero contemplar
â luz das gastas velas,
que perpetuam
nas janelas da minga alma
Penetra no íntimo inexplorado,
sente os pulsares virgens
do renascer da dor que te pariu
e que te fez ser
Agarra o tempo, que o tempo te dá
e respira a paz do meu anjo
que permanece em mim,
no etéreo de ti
num tempo sem fim
Ouves-me?…