terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Quão fundo é o areal de pedra e sargaço
Quão fundo é o areal de pedra e sargaço
por onde adormece o cansaço dos meus passos
abandonados ao perfume salinizado dos mares
e ancorados ao pontão das longínquas memorias
Perdem-se no murmurar surdo dos temporais
o eco das palavras multíplices de desejo
que anoiteceram na quentura ausente dos corpos
das diáfanas caricias memoriais do tempo
E na boca de todos os infernos, pernoitam
os pedaços de silêncios adormecidos
e nas vagas chamuscadas do olhar persiste
a cor vermelha das malvas e o tilintar
dos suspiros fatigados na tez acerejada da pele
Escrito em multi datas
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Quando digo de mim
Quando digo de mim
há um bocal ofuscado que me suga
nos beirais dos olhos insanos
um ciclo perigoso cola-se ao peito
e desdiz as mares secas dos olhos
Quando digo de mim
da ponta do espinho solta-se
o reverso do tempo por onde escorre
enxames de beijos roubados
presos à boca.
Alucinando…
Quando digo de mim
o aço estremece
na lisura dos dedos febris
e as partículas adormecidas
gemem ao lado do vento
famintas de ti
Quando digo de mim
calo-me num rosário aceso
na sombra da noite
Escrito a 14/11/14
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Deita-te sobre o manto rubro com que me cubro
Deita-te sobre o manto rubro com que me cubro
embriaga-te nos fios dourados em que se entrelaçam o meu olhar
adormece nos poros húmidos do tempo…
Silenciosamente
prende-me à tua mente de sonhador
e leva-me por entre o vento, endeusando-me sem pudor
Deita-te sobre o manto rubro com que me cubro
esvoaça-te em gestos lentos… selváticos de cor
não tenhas pressa, amor deixa-me morrer por entre as palavras
e os sussurros num poema que já não é meu
Deita-te sobre o manto rubro com que me cubro
e deixa-me sentir…o tempo que se perdeu
Escrito a 2/11/14
:
sábado, 30 de agosto de 2014
As palavras secam-se nas entranhas do palato
As palavras secam-se nas entranhas do palato
o silêncio descreve esta inercia
que catapulta de mim
Reinvente-a …
Sussurra as paginas brancas do poema
ouço-me na brandura do verso
em ninhos emaranhados de ilusões
asas soltas nas palavras por escrever
sois bravios colorindo horizontes
da cor dos olhos meus
Reinvente-a ..
Gesticula as mãos translucidas da poesia
fadando o corpo teu
na longura diáfana da mente perdida
e as palavras nascem sem ecos
na sombra do verbo por dizer
Reinvento-te
no silencio da noite
desnuda de mim
Escrito a 27/07/14
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
A mágoa antiga das lágrimas
Não quero mais perceber o silêncio da palavra
nem o gesto incompreensível do corpo por espreitar
quero soltar esta lava que queima escondida
no fundo escorreito do meu olhar
pois que fiquem os poemas com ansias de vida
e as mãos a amparar a mágoa
antiga das lagrimas
[quão doce é os contornos delineados nas
sombras]
sábado, 2 de agosto de 2014
No contorno dos lábios
Num
ápice cai o silêncio
no
contorno dos lábios,
o
soluço
espontânea
e vigorosa torrente
que
cai sem saber dos rios
que
dançam na alma
feito
mares de ondas levadiças
e
espumosas
pernoitando
as
enseadas da pele lívida
e
a noite adormece
no
amanhecer fusco do dia
sem
saber de si
branda
brisa que cobre a cidade
feita
ninho
no
parapeito dos prédios
calados
Escrito
1/08/14
sábado, 17 de maio de 2014
Num foliar de melodias
Deixa-me perder-me
no murmulhar ensurdecedor das ondas
onde se sente a macieza translucida dos sons
pernoitar a pele enclausurada de silabas
Deixa-me visitar-te
antes que as heras cubram o meu corpo
e a palidez das horas escorram por entre as mãos
num foliar de melodias transversas á pele, quente
Deixa-me abraçar-te
em gemidos transeuntes de sol
num tiritar de pássaros que habitam em mim
debicando inquietos, os sonhos cilíndricos
que devoram o meu corpo, num antro de loucura
E dá-me a leveza das palavras com que arquitetas
os versos que pincela o teu peito robusto de tons
Calo-me… e abandono-me á fúria dos ventos
que me arranca de ti
Escrito a 14/05/14
segunda-feira, 3 de março de 2014
São dos meus passos a marca da vida
para alem da
noite,
na insipidez da
brisa que beija o silencio
em que se embebeda
o corpo,
num destilar de
paixão, no areal das horas frias
Já não possuo a
limpidez dos versos
nem me visto de
calidez primaveril
sou somente o
cogitar de quimeras
na longura alva do
tempo em que me sinto tua
São dos meus
passos a marca da vida
dos prados verdes
em que me percorro, lassa
num encaminhar de
palavras,
de imensas filas
de folhas vazias, perdidas
na brandura rubra
dos meus dedos famintos
São dos meus
passos a marca da vida
com que olho o
interior do tempo que me aprisiona
e faz-me sentir tão tua
Escrito a 22/02/14
domingo, 2 de fevereiro de 2014
Paginas emprenhadas
Crivo-me
de ansias, no limiar do desejo
sinto-te
raiz enroscada no meu corpo
em
seiva bruta despetalo-me febril
num abraço profundo em teu dorso
esvoaça-me
asas de beija-flor, tremulas
no
enroscar da face um beijo suave
e
estremeço qual flor lançada ao vento
no
estio rubro de madrugadas quentes
ato
gemidos num mapear de caricias
no entrelaçado húmido dos poros
da
pele una dos corpos distantes
e
num rodopiar de versos alados
reescrevo
em paginas emprenhadas
a
melodia deste meu triste fado
Escrito
a 28/01/14
domingo, 19 de janeiro de 2014
É o fonema da alma do corpo sagrado
Voo até que as asas se
quebrem
até que não haja mais dia, nem
noite,
até que o vento esvoace o pó rubro do corpo
levitando na agrura dum sono meu
é o fonema da alma do corpo
sagrado
dos angélicos sonhadores, despidos de pele
num ancorado rebordo da mente lívida
Será a poesia petrificada dum
ensejo nominal
vigoroso voo,
na ultima caminhada perto do céu
rascunho de azul,
perdido no eco purpura do som
melodia de pássaros enfaixados
nas nuvens escorreitas
à luz da matina, lusco-fusco,
dum horizonte longínquo
num eco sonoro de bramidos tons,
debaixo das cores que cobrem
o meu corpo,
num reflexo tardio que se perdeu
Escrito a 19/01/14
sábado, 11 de janeiro de 2014
Dorme no meu peito as asas do tempo
Dorme no peito as asas do tempo
em gestos suspensos à porta do silencio
a boca calada de beijos, pendurados
nas vagas agitadas dos olhos famintos
Dorme no peito o dorso do sonho
cansado e sovado pela renúncia do som
cai nas mãos delineando-se em grito
nas rasuras infindas da mente proscrita
Dorme no peito a cor do poema
palavras sepultadas nos lábios rubros
frases arqueadas pelo sabor do gosto
degustado na pele seca de fonemas
E dorme no meu peito as asas do tempo,
feito folhas brancas soltas no vento, nuas
Escrito a 08/01/14
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